QUANTO CUSTA?
A primeira vez, a cidade encantou.
Lugar belíssimo, o mundo parou.
Cada canto com esmero brotou.
Lojas, restaurantes, tudo embelezou.
Como numa história encantada,
Aquela cidade foi transformada.
De uma povoação acanhada.
Para uma cidade europeizada.
Em cada canto, cada esquina.
Pessoas posam e isso fascina.
Para que a rede social a defina.
Com likes para o que se destina.
Status é a palavra chave da finalidade.
Fotos diferentes e com diversidade.
Comer e beber caro na ostencidade.
Luxar e mostrar que é “a realidade”.
Porém, nas belas e cuidadas ruas,
Enfim vemos, tantos cães de raças.
Ali perdidos sem rumo, as traças.
Na chuva, no frio sem abrigo, passas.
Tristes relatos são enfim, contados.
Na pandemia, foram comprados,
Por isso, de raça são os falados.
Que creditavam status aos turistados.
Quando o turismo então recomeçou.
Donos e cães vieram e tudo começou.
Para o cão a estadia não pagou.
Ou pousada ou hotel não aceitou.
Os inocentes foram largados ao léu.
A passar fome e sede no belo pitéu.
Sem empatia e como culpado réu,
Pela raça, vieram a sentir o féu.
O homem gasta para poder se mostrar,
Mas, abandona para não sustentar.
Não liga de raça, pois era para ostentar.
Sem sacrifícios ao seu ego de se vangloriar.
Agora, a cidade da beleza e da cor,
Mostra o abandono, mas não a dor.
Dos que tiveram lar e falso amor.
Vivem na rua sem futuro promissor.
Infelizmente descobrimos com pesar.
Que o ser humano é capaz de abandonar.
São milhões de animais no País, sem lar.
E a cada dia só aumenta sem parar.
O egoísmo tomou conta do coração.
Pensa e mostra uma vida de fascinação.
Para ser sempre o centro da atenção.
Sem ligar para o sofrimento da ação.
E a pergunta enfim responder,
Quanto custa pensar só em você?
Custa aos inocentes muito sofrer,
Revelando no coração Deus não ter.