Julgamento
Procuro o ébrio mísero que me sequestrou,
Guia-me por mundos de travessias duvidosas,
Carregando a alma por sendas perigosas,
Ao palco do pecado, ocioso, me levou.
É de lava quente a forja que marca a ferro,
É do sofrer o grito que ecoa no pavor,
Pois aqui não há esperança, perdão ou amor,
E a boca suja de sofrer liberta o berro.
Quanto mais profundo vai a alma em seu sofrer,
Na lava ardente, faz a névoa escurecer,
Trazendo à terra o lamento do pecado.
Ao perceber o ébrio tosco que me carrega,
De tanto ver o mal que em minha face esfrega,
Quem me sequestrou foi por Deus abandonado.