Atua
ATUA
Em um dado momento
De repente se percebe
O quanto passou o tempo
E a carga não é leve.
Trazemos na cruz pendurados
Tantos momentos frustrados
Que a nós pesar se atreve.
São tantas inúteis tralhas
Tanta sucata sem utilidade
Que somente nos atrapalha
E nem sequer nos dão saudades.
Ali estão somente
Para machucar a gente
Lembrando nos de nossas falhas
E o peso da cruz só aumenta
Não precisando assim ser
Quase nós arrebenta
Mal conseguimos nos mover.
Ficamos atrelados
Como que ao chão amarrados.
Sem ninguém pra nós valer.
Lábios empoeirados
Mãos a rasgar se no solo
Pés que sangram já cansados
Cruz apoiada no colo
Assim no passar dos anos
Tem se por cotidiano
Diante dos próprios olhos
Uma vida de obstáculos
Que insiste em nós castigar
Deixando nos mais fracos
Do que devíamos ficar.
Não sei se por ser teimoso
Ranzinza e rancoroso
Mas continuo a andar.
Quem olha finge não ver
Quem vê finge que não conhece
Quem conhece não quer perceber
Quem percebe finge que esquece.
E assim a vida segue
Cada um fica na sua
Cada um sua cruz carregue
Sem esperar uma ajuda.
Não se deixe corromper
Não vivas só por viver
Faz teu Pepel, atua.
Ladislau Floriano.