CATANDO CACOS
CATANDO CACOS
Caminhando muito, procurei
Os meus pedaços dispersos
Que me faziam mais feliz,
Mas sob poeira dormiam
E acordá-los, desejavam meus versos.
Havia tempo para as buscas
E muita vontade de encontrar,
Não era memória cansada,
Eram muitos espaços pra procurar
Pelo tanto tempo já vivido.
O humor que desejava
Estava ainda escondido;
Perguntava-me o que eu gostava
E as respostas não me vinham,
A saudade estava sozinha.
Tanto que busquei, cacos encontrei
E percebí que juntá-los podia,
Lentamente a memória os unia,
Eram tantos que papel precisei
E notei que ser mais feliz conseguiria.
Os que não foram encontrados,
Dormem no leito do meu passado,
Acordarão num belo dia
Quando o tempo não estiver malvado
E a prenha apresentar a cria.
Um mosaico incompleto
Tão remendado não quer se expor,
Na busca, o bom artesão
Encaixa formato e cor,
Todo pedaço bom tem valor.
O bem que faz essa busca
Recomenda que se repita,
Que torne hábito de vida,
Que toda vontade insista
Até bela estampa ser conseguida.