Um “fingidor”

 

Muitos alardeiam Pessoa*

Repercutindo-lhe

A máxima...

 

“O poeta é um fingidor”*

E todos esquecem que por trás de uma “fala”

Há um mundo inconsciente de inenarráveis processos psíquicos...

 

A mente para se preservar cria mecanismos de defesa...

 

Aos olhos desavisados, ela falseia...

 

 

 

 

 

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AUTOPSICOGRAFIA*

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

 

Fernando Pessoa 

 

 

 

 

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Maria Bethânia - "Sangrando"– Carta de Amor  (ouça)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Reflexões...

 

Não acredito nessa máxima de “fingidor, aquele que finge e sabe que finge

não finge pra quem o lê, mas para si mesmo, por ser incapaz de sentir o que diz.

 

 

 

 

O "fingidor" contumaz finge ser o que não é, por receio de ser quem é,

mascara o EU.

 

 

 

 

 

Enaltecemos os “fingidores” por mera identificação, o mundo é o nosso reflexo.

 

 

 

 

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Imagens-Acervo pessoal