Um “fingidor”
Muitos alardeiam Pessoa*
Repercutindo-lhe
A máxima...
“O poeta é um fingidor”*
E todos esquecem que por trás de uma “fala”
Há um mundo inconsciente de inenarráveis processos psíquicos...
A mente para se preservar cria mecanismos de defesa...
Aos olhos desavisados, ela falseia...
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AUTOPSICOGRAFIA*
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
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Maria Bethânia - "Sangrando"– Carta de Amor (ouça)
Reflexões...
Não acredito nessa máxima de “fingidor, aquele que finge e sabe que finge
não finge pra quem o lê, mas para si mesmo, por ser incapaz de sentir o que diz.
O "fingidor" contumaz finge ser o que não é, por receio de ser quem é,
mascara o EU.
Enaltecemos os “fingidores” por mera identificação, o mundo é o nosso reflexo.
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Imagens-Acervo pessoal