balanço vital
O suor transbordando de minha epiderme
Esse calor terceiro mundista
Realmente é de matar
e morrer
essa cabeça confusa pesada
Lotada de
Gravidade
pesando a todos corpos celestes
E os guiando
O ferro que atesta o vermelho de minhas cicatrizes
O vermelho do meu sangue
O vermelho de minhas gengivas
Vez ou outra inflamadas
Minha clavícula fraturada
Fragmento do asfalto
da topografia de minha cidade Natal
Ah, as jornadas circulares! A tentativa de ir
De uma dimensão a outra
De um outro
Diâmetro
A outro raio
Fractado
Em imutiplas múltiplicações
Toda a matemática
Todo padrão indecifrável
E toda tentativa
De traduzir o divino
Pesam tanto
E minha mente é só uma
E sendo única
se movimenta
Pelas veredas
Das certezas perecíveis.
E toda a dor, meu deus
E toda dor
Imposta
deliberada
megalomaniaca
E…
E todas as partes que fazem
E não fazem
Parte de mim
E toda ilusão que sustenta a vida?
A esperança não passa disso?
Uma ilusão concreta (?)
Eu vivo o tempo da desilusão
Ela alimentou todo o fascismo
e todo receio
que reside nas relações
eu sou seu próprio fruto,
e fui seu próprio mofo.
Mas não posso desistir
Não seria humano
De minha parte
Entregar-me a toda dor
É preciso enxergar
A vida que brota ao meu lado
E aprende
E apreende todos os alfabetos
E não se furta de viver os dias
E as horas do tempo
Eu quero crer
Na terra prometida
Na distribuição
Equânime do banquete
Da fartura da vida
Eu vi com meus olhos
E não quero
Nem posso
Esquecer
Sob o perigo mortal
Do esquecimento histórico
E do medo
E o seu pêndulo
Com a coragem
Que me ensinou a fratura
Que me ensinou
A aprender
Quero acreditar no melhor
Das pessoas
Pelo menos
Nesse microcosmo
Que criei com o meu trabalho
Tudo que tenho é ele
A verdade
Que minha história carrega