Todos os silêncios
Todos os silêncios me visitaram
Todos, todos de uma vez.
Eu não estava esperando por eles.
Mostrei minhas vulnerabilidades
Me fiz pequena, mansa
Me rendi, me calei...
Todos os silêncios me visitaram
Todos, todos de uma vez.
Eu não estava preparada para eles.
Quando se é poeta,
a chegada dos silêncios é ouvida na esquina dos tempos.
Numa espécie de eco mudo.
Eu os ouvi e os vi um a um
Exigentes, implacáveis, ferozes
Altivos, gigantescos... eu os vi
Eu os vi na passagem das horas
Nos agoras que se foram
Onde o tempo é memória.
Os silêncios me fizeram ouvir
O que eu não queria
Trouxeram as verdades caladas
As palavras geladas
Que eu não queria.
Dentro do casulo sagrado
Eu me refiz, renasci
Depois dos silêncios...
Não penso mais em quem pensava
Não sonho mais com quem sonhava
Não desejo mais quem desejava.
Vejo minhas asas agora
As mesmas que me trouxeram de volta
de volta a mim.
Quem sou depois dos silêncios?
Dos silêncios...
Ainda hei de descobrir.
Não penso mais em quem pensava
Não sonho mais com quem sonhava
Não desejo mais quem desejava
Quem sou eu depois do fim
Quem sou eu depois?
Quem sou...
Depois que todos os silêncios me visitaram
Todos, todos de uma vez
Depois que todos os silêncios
Silêncios
Se calaram
Silenciaram
Todos...