Todos os silêncios

Todos os silêncios me visitaram

Todos, todos de uma vez.

Eu não estava esperando por eles.

Mostrei minhas vulnerabilidades

Me fiz pequena, mansa

Me rendi, me calei...

Todos os silêncios me visitaram

Todos, todos de uma vez.

Eu não estava preparada para eles.

Quando se é poeta,

a chegada dos silêncios é ouvida na esquina dos tempos.

Numa espécie de eco mudo.

Eu os ouvi e os vi um a um

Exigentes, implacáveis, ferozes

Altivos, gigantescos... eu os vi

Eu os vi na passagem das horas

Nos agoras que se foram

Onde o tempo é memória.

Os silêncios me fizeram ouvir

O que eu não queria

Trouxeram as verdades caladas

As palavras geladas

Que eu não queria.

Dentro do casulo sagrado

Eu me refiz, renasci

Depois dos silêncios...

Não penso mais em quem pensava

Não sonho mais com quem sonhava

Não desejo mais quem desejava.

Vejo minhas asas agora

As mesmas que me trouxeram de volta

de volta a mim.

Quem sou depois dos silêncios?

Dos silêncios...

Ainda hei de descobrir.

Não penso mais em quem pensava

Não sonho mais com quem sonhava

Não desejo mais quem desejava

Quem sou eu depois do fim

Quem sou eu depois?

Quem sou...

Depois que todos os silêncios me visitaram

Todos, todos de uma vez

Depois que todos os silêncios

Silêncios

Se calaram

Silenciaram

Todos...

Aflora la Fora
Enviado por Aflora la Fora em 25/02/2023
Reeditado em 25/02/2023
Código do texto: T7727429
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