Centelha angustiante e esperançosa
No penhasco do vácuo que há em mim,
O suicídio se insinua como a saída,
Mas a morte espreita, vil e sem fim,
E me sussurra: "não há outra vida".
A angústia me consome, em chamas ardentes,
E a desesperança me inunda com o furor de suas águas.
Pois a vida me parece um labirinto sem rentes,
A vida é uma seara que sempre sangra joios e mágoas.
Fecho os olhos e busco tocar a veraz poesia,
Mas, mesmo ela, não é capaz de me salvar,
Pois a razão me fere com a frieza de cada dia,
E me leva ao limite do meu desesperar.
Mas ainda assim, persisto em lutar,
Pois a vida, ainda que vazia, é preciosa,
E à sombra da morte, há uma luz a brilhar;
Há uma esperança que me guia, gloriosa.
Assim, agarro-me à vida, sentindo toda dor de viver,
Pois mesmo que o vazio insista em minh’alma dominar,
Ainda resta em mim um fio de amor sem desvanecer,
Que ainda me faz, nesta vida ilógica e doida, continuar.
E quando chegar enfim a maldita hora final,
Talvez não haja nada: nem redenção ou perdão.
Mas, pelo menos poderei ter amado algo afinal,
E este amor voará além do meu caixão na escuridão
[E encontrará novos ninhos para criar vidas e compaixão.