Em Busca da Felicidade
Medo e coragem digladiam-se na ânsia entre passado e futuro.
Um tesouro oculto, guardado em secreta caverna, uma bem-vinda ilusão.
O risco da dor, mas a vida querendo ser vivida, desejando prosseguir.
Sempre haverá a probabilidade de tristeza na conquista da felicidade.
E como evitar a tristeza, se não há quem seja louco de não desejar ser feliz.
Assim deseja o destino de chegada, mas teme-se as pedras do caminho,
Assim quer-se atingir o cume de montanha, sem as dores da escalada.
Dor e promessa parecem conviverem em íntimo pacto,
A realização parece ser sempre doloroso parto de utópico ideal.
Não há como suprir o coração apenas com sensata realidade,
Faz-se necessário uma boa dose de loucura, de desejo de prazer,
Como que criança que encontra o seu mais mágico brinquedo.
Sobre os pés haverá sempre o convite de um infernal abismo,
Mas acima dos olhos haverá o atrativo do céu e do horizonte.
Só ganha asas, quem um dia arriscou-se a queda e aprendeu a voar.
Nem tudo, porém, é coragem, nem tudo, porém, é medo,
Por que haveria de ter uma sensatez toda perfeita?
Ou uma ilusão que em sua loucura, não tivesse uma pouco de razão?
De forma a termos uma única certeza, a da busca.
O resto é dúvida a espera de descoberta.
E nestas invisíveis linhas, é por onde vaga fugitiva felicidade
Gilberto Brandão Marcon
12/03/1986
(Fragmento Texto: Em busca da felicidade)