O SILÊNCIO
Uma profunda viagem eu faço
Para dentro de mim mesmo
Caminhar de sucinto cansaço
Depois de peregrinar a esmo.
Encontro com pedras colossais
Que se solidificaram em mim
Mágoas engolidas e calados ais
E recomeços depois de cada fim.
Reflexos que não reconheço
Mas sei que eles são meu rosto
Pele ressequida sem apreço
E lágrimas, gotas de desgosto.
E quanto mais eu mergulho
No lago fundo que se forma
Mais eu me afogo no orgulho
Que fez parte da plataforma
De um silêncio sob o barulho.