O SOM DA CHUVA
Verte a chuva sobre o meu telhado, sua melodia me faz cantar
ela é como um arauto me trazendo mensagens
o alento do criador transferida em cada gota, vozes de algum lugar
me lavando da minha fantasia, inundando minhas paisagens
Entre as paredes do meu quarto, onde faço muitas viagens
naufrago em ilhas, visito túmulos e avanço milhas sem precisar sair do lugar
tecendo versos navego em mares, percorro ruas infinitas com a inspiração e suas carruagens
me faço homem, me vejo mulher sem a necessidade de me transformar
Verte a chuva sobre o meu telhado fazendo-me transbordar de lembranças
um tênue raio de luz transpassa minha janela servindo-me de lustre para mente
a verdade é que só desfrutamos da verdadeira liberdade quando somos crianças
quando se torna adulto tudo é massante, tudo incomoda, tudo vira corrente!
Em um instante mergulho em meus abismos e vejo momentos que não foram vividos e escritos
então adormeço em meu jardim onde as flores deixaram de viver
nesse calabouço onde imploro e suplico, mas ninguém pode ouvir os meus gritos
pois as quatro paredes do meu quarto já se tornaram partes do meu ser