BAILE DE MÁSCARAS

Posso voar porque me empaturro de poesia

poesia que não me esconde mas revela o real

o que há por trás do menino fazendo acrobacias

na faixa de pedestres da avenida dos banqueiros

onde os vidros refletidos dos edifícios espelham sua figura

arlequim esfarrapado faminto com um sorriso no rosto

engolindo fogo, engolindo fome, na miséria se equilibrando

desafiando as altas e baixas das ações da Bolsa de Valores

de São Paulo, Tóquio, Berlim e Nova York

Arlequim espantalho espantando com movimentos corporais

a ordem e o progresso do pano verde amarelo que tremula

em altos mastros nas janelas fronteiriças que demarcam

as fronteiras entre os condomínios de luxo do Morumbi

e os casebres desordenados da imensa Paraisópolis

fronteira faixa de pedestres onde se equilibra o arlequim moleque

dançando em passos de valsa neste baile de máscaras

na antessala desta nação conhecida como Brasil!

Posso voar porque me empaturro de poesia

poesia que não me esconde mas revela o real!

Antonio Marchetti
Enviado por Antonio Marchetti em 09/02/2023
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