BAILE DE MÁSCARAS
Posso voar porque me empaturro de poesia
poesia que não me esconde mas revela o real
o que há por trás do menino fazendo acrobacias
na faixa de pedestres da avenida dos banqueiros
onde os vidros refletidos dos edifícios espelham sua figura
arlequim esfarrapado faminto com um sorriso no rosto
engolindo fogo, engolindo fome, na miséria se equilibrando
desafiando as altas e baixas das ações da Bolsa de Valores
de São Paulo, Tóquio, Berlim e Nova York
Arlequim espantalho espantando com movimentos corporais
a ordem e o progresso do pano verde amarelo que tremula
em altos mastros nas janelas fronteiriças que demarcam
as fronteiras entre os condomínios de luxo do Morumbi
e os casebres desordenados da imensa Paraisópolis
fronteira faixa de pedestres onde se equilibra o arlequim moleque
dançando em passos de valsa neste baile de máscaras
na antessala desta nação conhecida como Brasil!
Posso voar porque me empaturro de poesia
poesia que não me esconde mas revela o real!