Envelhecer
Tão velho estou entre penumbras e desalentos,
entre lembranças e perdas, entre sons distantes.
Nesta face resignada, que não é minha,
não aquela de outrora, sim as sombras de agora.
Entre fantasmas e esforços, sigo essa vida.
Atormentado com minhas tolices de outrora,
com os descalabros e aquela sensação de imortalidade.
Entretanto a vida era uma aventura contínua naqueles tempos.
Agora? Bem, agora é tédio, espera e descompasso.
Envelhecer é perder, nunca, nunca paixões intensas.
É voltar a serenidade de antes, da infância, da inocência,
com mais razão, mais sabedoria e complacência, eis-me velho...
O que restou em mim, é muito cansaço, fantasmas e ausências.
Entre indiferenças sigo beirando o abismo placidamente.
A morte está chegando. Sei que não há retorno!
Sei que também há levezas entre passos claudicantes...
Os ventos podem entoar cantigas funestas! Não importa!
Eu passarei como todos passarão. Passarei entre assombros!
Cada vez mais os anos encurtam, minhas reflexões aumentam,
meus sonhos são vagos e imediatos, nesse corpo inútil e vazio...