CONVITE À ESPERANÇA
A esperança circula muda
- a cada segundo -
entre muros que cintilam
lanças de cacos de vidros.
Na vida rareiam afetos,
ter um teto e saciar a fome
é coisa doutro mundo.
A vida
é mais que uma rima,
é luta.
A esperança circula,
agoniza sob máscaras,
nas filas e nos leitos.
Ela se finda quando se sente,
a contragosto, a pólvora no peito.
A vida
é pedra rara a lapidar,
é coisa bruta.
A esperança circula,
é cor e luz solar
na força da negritude,
nas mãos que se entrelaçam
no gesto da atitude.
A vida
é esperança redimida,
se define na labuta.
A esperança circula
- é vida! -
mesmo muda,
pula os muros
com cacos de vidros,
desfila sangrando
pelos becos e ruas,
quase desnuda.