A Golden Gate

 

Nome oficial

Golden Gate Bridge

Liga San Francisco e Sausalito...

 

Cartão postal da Califórnia

Uma das sete maravilhas

do mundo moderno...

 

A tinta vermelha é especial

Visa protegê-la da

Da corrosão...

 

Ela

Tem a extensão

De dois mil, setecentos e trinta e sete metros...

 

Ao conhecê-la

Há um tempo atrás

Emocionei-me demais...

 

Caminhei por ela

Senti na pele o vento

Que sempre a acaricia...

 

Todas às vezes que posso

Venho reencontrá-la

E admirá-la...

 

Sinto alegria e prazer

Ao vê-la e fotografá-la

Até envolta em névoas...

 

O coração

Sacoleja tanto, tanto

E não é efeito dos ventos...

 

Hoje, está nublado

Mas posso vê-la

Nitidamente...

 

E mais uma vez, cá estou

De frente para ela, a Golden Gate

Parada, todavia não “estática”, emocionada...

 

Oh! Jamais, nunca estou [inerte]

Minh’alma a ser “essencialmente dinâmica”

E naqul’hora, ali, curtindo o frio da Califórnia”

 

(Ah! Eu que sou carioca, imaginem?!)

 

E naquel’instante,

perdida (ou m’encontrada)

em meus pensamentos pergunto:

Quem sou?

E para onde vou?

E o qu’estou “fazendo” aqui?

 

(perguntas, já, tantas vezes feitas)

 

Ela, a ponte, deve

Saber cada uma de minhas questões,

de cor e até salteado, pois que converso co'ela..

 

Somos “cronológicos” de noss’alma a s’esculpir no mundo

E, portanto, nossa essência e a existência que se faz

(Lembrando agora um pouco Sartre)

 

Reportando no tempo, quando meu pai e minha mãe se deram um ao outro...

... seria [eu] um pouco dos dois no que fui esculpida no útero dela?

Sou eu, carregando-os comigo, pra sempre?

 

Sou 

Tantas, e única

Nesse tempo-espaço...

 

Sinto um vento mais frio a bater em meu rosto agora, e nele a sentir

a maresia que em nada difere d’àquela a qual conheço do Rio

As gaivotas em seus gritos também o me lembram ...

 

Eu,

O Vento, as Gaivotas, o Mar

A ponte, ligando o Rio à San Francisco...

 

O tempo-espaço

É outro, se então, regido

pela batuta da Emocionalidade...

 

E se estou em minha memória nest’hora

Estou em San Francisco (em meu corpo)

... e também no Rio de Janeiro (em minh'alma)

 

Ou estaria nas duas lindas cidades?

Estou onde estão os meus pensamentos

A barreira é tênue no emocional tempo-espaço...

 

É o que sinto...

É a minha percepção 

Estou num tempo sem distâncias...

 

É fato

Se mudamos

A direção do olhar

 

O foco é outro...

 

Com o olhar

Descolo-me par’outro lugar

E me dou de frente para a Ilha de Alcatraz

 

E contemplo

O seu famoso presídio,

O zoom aproxima... atravessa o mar...

 

Ah! E pensar que o mafioso Al Capone passou por lá!?

 

As gaivotas ruflando as asas

bailam no ar com seus sons característicos

Vão e vêm ... Vêm e vão... Espiralizando seus voares...

 

Elas tão livres...

E eu que às vezes acho qu’estou presa

Mas, por que me sinto assim sabendo que livre é minh’alma?

 

Sim...

Olhando-as

Sou uma delas...

 

Bobagem!

Coisas de minha imaginação

Voar... só mesmo nas asas da imaginação...

 

E quantas gaivotas eis que percebo

a sair d’aqui ond’estou

... a voar para lá

 

E observo que elas voltam

(Gritando ou cantando, sei lá)

Voam em espiral, e tocam o mar...

 

Umas nadam

Outras me observam

Ou sou eu que as observo?

 

Quase posso tocá-las...

 

Caminho par’outro lugar, então

Sem perder a Golden Gate

De vista...

 

Ao que aprendi

com as gaivotas uma vital lição:

“Ninguém deve ficar... para sempre... no mesmo lugar”

 

Na verdade, ninguém consegue

 

A Golden Gate liga dois lugares

As Gaivotas, o Céu ao Mar...

Eu ligo-os num poema...

 

 

 

 

 

 

Alcatraz

 

Gaivota


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