Materialismo
É hora de tirar os olhos dos idealismos nas nuvens
E colocar os pés no duro chão,
Se preocupar apenas com a vida terrestre.
Entender o mundo, a natureza e até as
Piruetas do comportamento humano tais
Como eles são, sem acrescentar misticismos.
O homem é a raiz do próprio homem
E sua imagem no espelho das fantasias só
Causa visão turva dos fenômenos naturais.
Quanto menos se conhece a Natureza,
Mas se cria uma vida de ideias confusas:
Nomeiam doidos mitos que esfacelam
O conhecimento da concreta matéria.
O homem, sua mente e comportamento estão
Dilapidados pelo mundo físico...
Somos o que somos na natural tentativa
De manter a existência, nossa força vital, nosso conatus.
E mesmo que as condições sociais,
Históricas ao redor tentem limitar
A máquina composta de vértebras e neurônios,
O ser pensante dá palpites, se esforça, sente frio,
Sacode tudo que incomoda para tecer
Sua própria história... Mesmo que suas páginas
De vida estejam amareladas pela realidade.
Os caminhos vividos são trilhados na dialética:
O constante movimento faz tudo mudar,
O que é solido desmanchar no ar.
A árvore que era seca, agora brota novas folhas.
A ideia utópica que morria há trinta anos,
Hoje decreta o enterro da mais solida ideologia.
E no abismo entre o ser e o nada
O homem decide o seu próprio caminho.
Um caminhante explorando jardins e simples
Prazeres rumo a mesa farta de felicidade.
E diante do duro rochedo que é a realidade,
Dos fardos que descem da montanha
E todos os dias enfraquecem as costas,
A luta em suportar este mineral rumo
A conquista do cume e de ser um Sísifo feliz.