PONTEIROS

Peça perdida de uma engrenagem falha,

Rolei solta entre precipícios diversos

E vi áridos os olhos que tanto transbordaram

Sonhos findados e nulos.

Quantas mãos roçaram-me

Sem escrúpulos ou piedade,

Em vão tentavam conectar-me

Em outras engrenagens não menos falhas.

E não houve encaixe

Que se fizesse lar/abrigo

Da mendiga peça que eu sempre fui.

Não cessam, entretanto,

Os mecanismos da vida.

E as peças perdidas

Seguem o seu fardo de nada encontrarem

Além das lembranças

De quando mantinham ativos

Os ponteiros do ingênuo sonhar...