CRIANÇA DO ONTEM
A um desejo de homem desdobra-se o mundo
O homem quer a tudo e todos
Menos a si próprio
Não enxerga que seu reflexo acha-se noutro homem
Quer colonizar a alma
Mimetizar no corpo inerte e estático do seu semelhante
A criança já não deseja, vive apenas
No sem tempo
Amor profundo, e ama
Com a inocência pela qual o homem pagaria milhões
Se o interessasse
Mas não
O homem há muito aniquilou a criança que era
Deixou-a presa no ontem
No dia da brincadeira
Do amor sem cor da pele
Na partilha empática
E no desejo que ansiava de se tornar mais um homem
Que foi em vão e fora do tempo
Transtornou-se
É preciso mais crianças
Buscar a criança do ontem
Pra mudar o homem do amanhã
E o amanhã do homem
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