Considerações sobre o Amor
O que indubitável e realmente é o Amor?
É uma constelação de infindáveis ideias humanas?
É uma legião de sentimentos ainda em flor?
É um confronto eterno da razão versus emoção?
(Meu Deus, quando saberemos o que é o Amor?!)
Sem querer rotular, nem tampouco dissertar
Vamos tentar, pelo menos, metaforizar:
O leito libidinoso das noites é o amor,
Que são as águas volúveis de prazer e dor.
O Amor são aqueles barcos emotivos, sem rumo;
O Amor é o altar de volúpias e rúpias em puro sumo.
O Amor são girassóis campestres não colhidos;
São as dívidas, as cobranças e os deveres infligidos.
O Amor é o Éden cheio de proibições e infernos,
O inferno do Amor é um tatame de fogo e expiação;
O Amor é um inconstante dilúvio ocular sempiterno,
A Razão do Amor é amar torrencialmente sem razão.
(Meu Deus, quando compreenderemos o amor?!)
O Amor é o rio dos apaixonados desmedidos e dos suicidas,
O Amor é o mar vermelho dos cônjuges, libertinos e viajantes;
O Amor é essa fartura de tantas almas carentes e ausentes,
Mas também é a afluência de corpos amantes tão distantes.
O Amor é a mão que na concha florestal mergulha e acaricia,
O Amor são os gritos, os gemidos, a luta dos corpos em travessia;
O Amor é aquela rígida pá arenosa com que sepultamos
O outro ser amado no jazigo sem túmulo de nossa moradia.
O Amor é a necessidade carnal e metafísica de autoilusão,
O Amor é a projeção de nosso ideal no desejado outro ser;
Depois, o Amor torna-se a vela enfraquecida de oxitocina na relação:
Surge a onipresença do Hábito: parceiro e inimigo da paixão e do viver.
(Meu Deus, será que há uma veraz essência no Amor?!)
O Amor são as trinta moedas de prata de compra e de traição,
O Amor são as mentiras encobertas com beijos, elogios e sedução;
O Amor é essa busca louca por segurança, afeto, sexo e atenção;
Ardiloso, insaciável, misterioso e licencioso são o Amor e o Coração.