VAZIOS 💠
Vagueio à margem de um vazio
De espaço entre mim e um nada
E mesmo não o querendo ele me provoca calafrios
Não sei fugir desse predador
Fera sem corpo
Frio sem calor
E desgosto,
Ah... isto sim
Desgosto vazio com gosto de corpo oco
Não sei do nosso primeiro encontro
Parece que estava lá
Há muito tempo espreitando
Preparando uma isca pra eu abocanhar
E uma vez fora d'água
Tchau
Me esvaziava de vez
Báu-báu
{Esse enigma que acompanha essa existência entre seres}
Se a alma não tem forma, como pode esvaziar-se?
É o vazio interior a formar-se ou o exterior vazio a absorver nos?
Se o vazio está dentro ele preenche algo, se preenche não é vazio
Se está fora quer esvaziar algo e se preenche ao menos em parte, absorvendo
E vazio deixa de ser
Que enigma indiferente!
Aquilo que é um nada se transforma e deixa de ser inexistente
Tormenta que assola de vazio e suga mente de gente
Mas a lógica do vazio é diferente
Funciona sem engrenagem nenhuma
Ó ideia intransigente
Do vazio que assola
Tomando alma de gente
Que ao ocupar um espaço inútil se torna um nada e nos esvazia completamente!
Preenchemos o vazio e ele esvazia a gente
(tento preencher o vazio de coisas inutilmente
Mas o vazio é inexistente e apesar de tentativas de contornar, se mostram insuficientes...)
Mas como podemos medir tão grande vazio que se acumula em fases?
O cúmplice do medo não é acumulativo, mas de vazio em vazio vai preenchendo a alma da gente
Vidas vazias
Corpos ocos e em busca de recheio pra tapar o buraco que se sente
Assim sou eu, uma poeira
Mas um vento mordaz de repente
Que na alma tenazmente
Destrói a tudo que se sente
Assola e espalha o ser fugazmente
Assim é o vazio
Um contumaz calafrio, antítese dos sentimentos
Gélido e assaz arrepio
Sugando a alma da gente
Vazio saiu de mim
E desaparecendo se esvaziou
E me preencheu o amor...
Fim
2312221621