HOMEM BREU(MOSAICO DO DESCASO)
Tráfego entre velas acesas
Entre licores de cereja
Num vislumbre que alumbre
De um batom mais que vermelho
Daí uma estranha sombra emerge do espelho
Não é o coelho sorrateiro de Alice em fuga
Nem uma pulga astuta diminuta
Nem o nenúfar de algo insolar ou insular
Ou tampouco o labirinto do minotauro
Ou a figura simbiótica do fauno
É apenas o rechaço de mais um lapso borrado
Do meu eu deveras ensimesmado
Entre o ciúme de Orpheu e o véu do Homem Breu
Que regurgitou, mas não comeu
Que traduziu, mas nunca leu
Que fez tudo para merecer desmerecendo
Que disse tudo sem nada dizer
Em mais um dia de tantos dias
Em que se enternizou e feneceu
Num instante único de chegada e adeus.