HOMEM BREU(MOSAICO DO DESCASO)

Tráfego entre velas acesas

Entre licores de cereja

Num vislumbre que alumbre

De um batom mais que vermelho

Daí uma estranha sombra emerge do espelho

Não é o coelho sorrateiro de Alice em fuga

Nem uma pulga astuta diminuta

Nem o nenúfar de algo insolar ou insular

Ou tampouco o labirinto do minotauro

Ou a figura simbiótica do fauno

É apenas o rechaço de mais um lapso borrado

Do meu eu deveras ensimesmado

Entre o ciúme de Orpheu e o véu do Homem Breu

Que regurgitou, mas não comeu

Que traduziu, mas nunca leu

Que fez tudo para merecer desmerecendo

Que disse tudo sem nada dizer

Em mais um dia de tantos dias

Em que se enternizou e feneceu

Num instante único de chegada e adeus.

Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 14/12/2022
Reeditado em 14/12/2022
Código do texto: T7672053
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