DEMOCRACIDIO
De repente a chuva cai!
Num véu raro de escuro festivo
animais de braços dados dançam
festejando o novo rei da floresta
batuques de samba na festa junina
botões fofos de luzes iluminam a farra
cores das bandeirolas fora de época.
Se abraçam e se lambuzam e embriagam
na poeira do esterco de concreto
sem rubores da vergonha nem esboços
no palco da chuva que não se sustenta
não molha regando o solo que alimenta
orações de Jecas e Manés mirando o céu.
Incrédulos na sua experiência nordestina
a tempestade dos pingos d'água que desatina
sem convite no glamour da missão cumprida
regada a soberbos vinhos caros e lagostas
chapéu na testa sabedoria que firma e atesta:
a chuva fraca e passageira que só acontece
no instante do casamento das raposas.