Um filho de Itapagipe tirou nota dez no Exame Universa.

Eu tirei dez no Exame Univera ou Universa, a etimologia em latim, conhecimento total.

Tirar dez no Exame Univera é a maior honra eclesiástica, o padre passa ser considerado como gênio, o Vaticano treme de emoção.

Recordo o dia do Exame, fiz uma prova oral com quatro padres doutores, um deles o chefe da banca.

Foram 100 perguntas provenientes de 60 corpos doutrinais, para obter a nota dez a pessoa não pode errar nenhuma pergunta.

Era muito jovem tinha terminado o Bacharelado em Teologia, estava com os cabelos longos despenteados, calçado com uma sandália simples.

Em uma sala especial com muitas pessoas assistindo o Exame, cada pergunta que respondia eu chorava.

A trigésima nona pergunta foi terrível epistemologicamente, tive que explicar o Mistério da Santíssima Trindade, como se o espírito do Deus Javé tivesse engravidado uma virgem, sendo que Jesus Cristo nasceu de um espírito e não de uma gravidez natural.

Eu nunca gostei de mistificação e não aprendi mentir, entretanto, explicitei o conteúdo usando de recursos teológicos e não históricos.

Todas as perguntas foram complicadas, entretanto, tirei nota dez.

Eu não conheço nenhum padre, bispo, cardeal ou papa que tenham tirado dez no Exame Universa, estou referindo no meu tempo de estudante.

Simplesmente não conseguem tirar nota dez, eu fiquei um mês fechado em um quarto dentro de um convento chorando de alegria.

O Exame Univera é um bicho de 7 cabeças, o Exame mais difícil do mundo, o estudante só pode fazê-lo uma vez, se tirar menos de 7 é reprovado.

Se me oferecessem mil doutorados, com nota dez em todos, em consonância dez no Exame Universa, escolheria o Exame Universa, em consideração a importância do Exame.

A grandeza que é tirar dez neste Exame.

Sempre pensei é uma honra para minha cidade ter alguém que tirou dez no Exame Universa.

Todavia, a cidade não sabe que existe o Exame Univera, muito menos a importância deste Exame.

A cidade sequer sabe que sou Itapagipense, fui homenageado na Universidade onde estudei, pelo dez no Exame Universa, disse ao ser apresentado não sou de São Paulo, nasci em Itapagipe e sou da família Dias Vasconcelos.

Edjar Dias de Vasconcelos.