A canção do acrobata

Cansei de tocar

Acordes estranhos

Na madeira da minha

Arquitetura

De mover meus dedos

À mando de pessoas

Com bocas de latão

Em troca de trocados

De ouro, passagem para

Matadouro espiritual

Nego esse estouro

De brilho loiro

Necessidade esta

Eu açoito

Sabe a sensação

De ficar parado

Em ambiente incompatível

Sem poder tirar

Minhas mãos dos bolsos

E tocar minha canção?

Tão desconfortável

Quanto fazer de teia

De aranha

Minha cama

Qualquer movimento

Perceptível

À dama

A inflama

Sua mordida

Me amaldiçoa

Com uma dor

Me encolhe

Enruga

Tritura

Igual chama

Meu rosto dói

De tanto forçá-lo

A adotar uma expressão

Destoante

Da minha essência

Quero cortar

Os fios que a contorcem

E retorcem

Deixar meu rosto

Descansar

Deixar minha verdadeira

Expressão

Voar

Para assim, minha voz

Cantar

Sem a necessidade

De agradar

Atrapalhar

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 25/11/2022
Código do texto: T7657686
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.