A canção do acrobata
Cansei de tocar
Acordes estranhos
Na madeira da minha
Arquitetura
De mover meus dedos
À mando de pessoas
Com bocas de latão
Em troca de trocados
De ouro, passagem para
Matadouro espiritual
Nego esse estouro
De brilho loiro
Necessidade esta
Eu açoito
Sabe a sensação
De ficar parado
Em ambiente incompatível
Sem poder tirar
Minhas mãos dos bolsos
E tocar minha canção?
Tão desconfortável
Quanto fazer de teia
De aranha
Minha cama
Qualquer movimento
Perceptível
À dama
A inflama
Sua mordida
Me amaldiçoa
Com uma dor
Me encolhe
Enruga
Tritura
Igual chama
Meu rosto dói
De tanto forçá-lo
A adotar uma expressão
Destoante
Da minha essência
Quero cortar
Os fios que a contorcem
E retorcem
Deixar meu rosto
Descansar
Deixar minha verdadeira
Expressão
Voar
Para assim, minha voz
Cantar
Sem a necessidade
De agradar
Atrapalhar