Décimo terceiro olimpiano
Querido Titã, só quero que o tempo passe mais devagar
Pois ainda não consigo distinguir onde o bem e o mal se separam
E o peso de carregar meu próprio céu nas costas
está doendo um bocado.
Ah, Dionísio, se você soubesse o que as festas se tornaram,
a elegância de balançar a taça de vinho pra sentir sua suavidade,
trocado pelo chacoalhar da lata,
matando por dentro no meio do baile.
Ei, Prometeu, obrigado pelo fogo, a evolução nos fez bem,
embora muitos não entendem o sentido da chama,
não nego que uso o fogo junta da erva do Jardim de hera
para acalmar a mente.
Hefesto, construa arranha céus, alcance os céus,
mas não esqueça dos seus,
não deixe que toda a obra prima ofusque
a chance de ver o céu, dos que não tem um teto sobre si.
Não somos ciclopes pra olhar o mundo com um olho só,
olhe os dois lados da vida
porque é lindo olhar o Olimpo,
mas é triste pra caralho a miséria abaixo do degrau.
Enquanto Poseidon vaga pelo oceano, recolhendo lixo adoidado
Zeus, mesmo tendo todo o poder da palavra, ainda assim se perde no raio.
Afrodite, sei que és bela,
mas me diz o porquê de tantos padrões?
Será que o patriarcado define o corpo ideal da mulher
a quantas gerações?
Minha definição de Afrodite é brasileira,
preta, do cabelo cacheado e com um sorriso lindo,
que traz muita alegria,
mas não esquece o quanto foi sofrido o seu passado.
Hades, cuide de todas aquelas almas que se foram injustamente.
Guie até os campos elísios aquele menino
que vivia descalço no campo,
mas por um projétil de um cano viu-se, mais uma mãe Gaia aos prantos.
Por fim, Ártemis, eu amo a Lua, e sei que a beleza dela
me faz acreditar em dias melhores
por mais que eu já tenha chorado demais em noites frias
Mas sei que sempre chega Apolo com o calor do sol,
rasgando o céu com amor e o dom da poesia!
-Poeta da rua