JARDIM DO AMANHÃ
Enquanto a pipa trêmula desenha no céu
um ponto verde no sol,
a linha ensaia passos de valsa com o vento
na canção da liberdade.
Enquanto as águas dos rios correm beijando
pedras, galhos e flores,
os peixes resistentes nadam contra a correnteza
Para o momento da procriação.
Enquanto a vertigem do asfalto embriaga
O olhar andarilho,
a noite de luar no sertão banha na chuva
Respirando estrada.
Enquanto o seio materno sacia a fome
dos lábios inocentes presente,
palavras maduras acalentam o sono
do sonho no berço futuro.
Mesmo que no encontro do rio com o mar
existam estranheza, enfrentamento, acordos
e depois, afagos.
Somos andorinhas das manhãs no fio da esperança,
esquentando as asas para um novo dia,
mirando valentes, a linha do horizonte.