O Cinza

Mais um dia ensolarado na enfadonha cidade.

O café ruim nas padarias,

As frenéticas buzinas nas ruas,

Marcha sonolenta para o trabalho,

Instante para trucidar o ego nos afazeres protocolares.

E todo mundo cai, escorrega nos dias cinzentos

Na certeza de que isso foi normalizado nos corações e mentes

Como o fedor das moscas que sugam dejetos nas latrinas.

E os sentimentos em todo seu cinza

Nutrem a sensação de desejar o alheio,

Viver outra rotina

Enquanto se é consumido pela

Anulação das horas num cansaço

Que parece não ter fim.

As brancas estrelas de civilidade se dissolvem

Na ácida língua da mais valia laboral...

Espessa baba envolve os escravos-assalariados

Que acordam cedo,

Perdem tempo se locomovendo, trabalham oito Horas para depois terem só mais quatro para respirarem em casa.

O vendaval dos afazeres sociais enlaça todo o ânimo do crânio...

Comprar alimentos, socializar e suportar as pressões coletivas.

Nada de muitos sonhos dentro destes muros de cimento.

Temos de ser realistas, concretos, senão somos engolidos pela rigidez do mundo.

Mesmo sendo pesado o fardo que nos é oferecido,

É necessário o passo que puder ser dado rumo a pequenas e criveis liberdades.

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 16/11/2022
Reeditado em 16/11/2022
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