Minha Dor

A dor da leveza da ausência

Pesa sobre os ombros a existência

Dor profunda, superfície.

Dor além do que existe

Vem distante, mora ao lado,

(...) E sobrevive.

Nos trapos do meu quarto

Esperando o desjejum

Ao som da vitrola

Outrora tão comum

Desce pela privada

Do chuveiro, a toalha.

Vem no café, açúcar (...) Pão

Sobe rua, desce rua.

Vaivém na contramão

No bom dia sem olhar

Sem acenos, sem intenção

Busco a fé, tenho o absurdo.

Um mergulho no escuro

Garante pedras no sapato

Minha casa em entulhos.

É o fim do mundo pós-dilúvio.

Minha consciência embriagada

Padece em prece ao infortúnio.

Eis a minha dor:

Tão vital quanto

As batidas do meu coração.

Pulsa, pula, salta.

Que nunca me abandone. Não!