ALEGORIA DA FALSA VERDADE *

Longe, o poeta-autor germina a si próprio.

Dentro deles florescem universos

amalgamados de moedas amargas.

O hipócrita e sórdido canto estelar

engasta-se no balbuciar do consumo

à hora certeira da contagem mágica.

A estrela aponta Belém, geme o menino.

No totem de pedra ao alto, impassível

o arauto adere, se ajusta ao ponto final:

Cola-se a língua, em meio aos cochichos.

A semente de Belzebu está posta:

negra lápide sem a malograda epígrafe

nada de símbolo nem inteligível inscrição.

O duende “chino” tem tatuagem de Mao na testa,

a sementeira da Verdade também está posta.

Reis mag(r)os relutam à troca dos presentes.

Sandices do caos balbuciam a esmo no poema.

O povo implora a homilia da prosperidade.

Da chuva despenca, finito, o Natal da esperança.

MONCKS, Joaquim. O CAOS MORDE A PALAVRA. Obra inédita em livro solo, 2022.

https://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/publicacoes/preview.php?idt=7642378