Quarto em Arles

A inconsciência em si mesmo.

Uma cama em destaque, sem vida, sem emoção; abraçada a parede, fechada em si, deselegante, sem forro sem proteção;

tábuas interligadas, fechando a criação, baixa, semi-baixa, apenas uma cama, uma história em confusão.

Dois travesseiros lado a lado, sem abraço; envolventes nos pesadelos, testemunhas de projeção, de traços noites e dias, longas noites sem comoção, sem ouvir nem falar,

Só!

o que vai acontecer? Andar pelos campos, pelas ruas, olhando o céu escuro, as estrelas, o bar, pintar e pintar, fortes pinceladas, marca natural de uma desilusão!

Quadros na parede, pendurados sem simetria, querendo conversar, um espelho ao outro lado, refletindo a alma em profundas e longas noites escuras, solidão e solidão.

Cabide ao fundo, sem função, quase que ababdonado, poucas vestimentas a usar, três capotes esverdeados ou quem sabe peças articular, já usadas.

Duas cadeiras sem beleza, distantes, separadas, intocáveis, inertes, revestidas de poeira, testemunhas desilusão;

Piso maltratado, tacos, tábuas, madeiras desgastadas, meia pintadas, demarcando limite;

Janela indiscreta, semi-aberta, sem vento a penetrar, ambiente abafado, calor sufocante;

Cômoda complementar,

portas fechadas, fechando a vida em si, entre a noite o dia o entardecer, pardes mal pintadas, manchadas, toalha pendurada, eis uma cena emblemática! reflexões expostas de uma intimidade única entre a realidade e a ilusão:

Um quarto em Arles, transmitindo profunda solidão!