Aviso do Absurdo
Belém, 31 de outubro de 2022, após a vitória da Democracia.
Esta é uma nota não só de aviso: diria até que é de repúdio!
Eu, palavra ABSURDO, não permito que me vulgarizem em sua terra.
Pelo valor que sou, só devo ser invocada em situações ímpares
e não gostei do que fizeram a mim nos últimos quatro anos.
Lembro que sou preguiçosa, fico em minha caverna, no meu fosso,
só saindo em épocas mais sombrias.
Vejam só, do jeito que seus estúpidos me acionaram
chegou certa hora que reclamei de estafa de minha sempre presença,
onde só a guerra, a fome, a peste e a morte de inocentes permite.
De novo?
De novo.
E como não quero ser trocada por outra palavra que vocês inventem,
Eu, palavra ABSURDO, digo que parem.
Parem ou me disfarçarei de DESESPERO para que um dia
vocês sintam finalmente que devem me deixar quieta
em um buraco, em um abismo,
nos cantos dolorosos de suas mentes,
em um quadro de Portinari pintadas desta vez em um caminhão de lixo para famélicos,
em um monte de cinzas amazônicas,
em um Museu do Holocausto,
mas serve também para mim um Museu da Covid.
É de lugares assim que olharei para a HUMANIDADE.
Palavra, palavra, será apenas uma palavra?