GALÁXIA
Escrevo-te o meu silêncio
Tumultuado, às vezes, de palavras frias,
E os pensamentos rasgam-me o peito
Como se livres de um trágico fim,
Como se resgatados de uma terra impiedosa
Da qual eu mesma não posso desertar.
Escrevo-te o meu silêncio
Entorpecido de palavras tolas,
Adolescente entre indagações
Nem sempre compreendidas,
Pueril nos devaneios de seus roucos ecos,
Impresso em folhas tão frágeis quanto
O existir.
Escrevo-te o meu silêncio
Com o suave desespero
De quem acolhe tempestades,
Sorri ao espelho
Da insanidade íntima
E encontra em ti
Nova e forte aliada.
Escrevo-te o meu silêncio,
Nele planto a minha flor –
Imarcescível como a força
Que impele o meu poema
A brotar do meu profundo,
Dessa galáxia chamada “eu”,
Às vezes distante de mim,
Na qual orbitas sem saber.