Passagem

A entoada das horas

É surda em seu passar.

Nada fica, nem a aurora

que desponta um novo ar.

O futuro que se avizinha

nada tem com o agora.

É frígido, é coisa minha,

É um não ter que me apavora.

É sabido que ele vem.

Todo imparcialmente rude,

De mim só o que se tem

É a parte do que não pude

me tornar, ou ser.

Tem de mim esse não estar,

Esse não querer.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 15/10/2022
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