Passagem
A entoada das horas
É surda em seu passar.
Nada fica, nem a aurora
que desponta um novo ar.
O futuro que se avizinha
nada tem com o agora.
É frígido, é coisa minha,
É um não ter que me apavora.
É sabido que ele vem.
Todo imparcialmente rude,
De mim só o que se tem
É a parte do que não pude
me tornar, ou ser.
Tem de mim esse não estar,
Esse não querer.