A LUTA DO SÁBIO EM SUA JORNADA
Ao sábio, com carinho
ao sábio, espera-se?
mas: o que?
senão:
a jornada insidiosa
as pegadas capciosas
as folhas fluentes
levadas pelos ventos
na procissão das escadarias.
Ao sábio, espera-se?
mas: o que?
o talhar das ideias
filhas sempre subversivas
amantes desafeitas ao perfeito
com a tinta e a pena da lama
debruçado na janela do solitário.
Ao mestre, espero:
nada mais e nada menos:
um bocado de cadência
uma sonoridade quântica
uma tipologia existencialista
um divã para os viajantes
turbado pelos olhares de afrodite
e pelo anonimato de Sócrates.
Ao mestre
como um palco
por onde palavras extasiadas plasmam
o bailar dos enigmas
algemado pelas incógnitas
enquanto em seus deuses
estupefato...
tateia pelas paredes gélidas
golpeado pelos ventríloquos das catedrais.
Ao mestre, parabéns, por desfiar
nuvens e destilar escaninhos
em prol de almas livres
embora devorado pelos abutres
como ocorreu com Prometeu.