A LUTA DO SÁBIO EM SUA JORNADA

Ao sábio, com carinho

ao sábio, espera-se?

mas: o que?

senão:

a jornada insidiosa

as pegadas capciosas

as folhas fluentes

levadas pelos ventos

na procissão das escadarias.

Ao sábio, espera-se?

mas: o que?

o talhar das ideias

filhas sempre subversivas

amantes desafeitas ao perfeito

com a tinta e a pena da lama

debruçado na janela do solitário.

Ao mestre, espero:

nada mais e nada menos:

um bocado de cadência

uma sonoridade quântica

uma tipologia existencialista

um divã para os viajantes

turbado pelos olhares de afrodite

e pelo anonimato de Sócrates.

Ao mestre

como um palco

por onde palavras extasiadas plasmam

o bailar dos enigmas

algemado pelas incógnitas

enquanto em seus deuses

estupefato...

tateia pelas paredes gélidas

golpeado pelos ventríloquos das catedrais.

Ao mestre, parabéns, por desfiar

nuvens e destilar escaninhos

em prol de almas livres

embora devorado pelos abutres

como ocorreu com Prometeu.

ERNESTO COUTINHO JÚNIOR
Enviado por ERNESTO COUTINHO JÚNIOR em 01/10/2022
Código do texto: T7618050
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