Cumplicidade

Repousas calma e serena

no vargedo dessa casa solitária.

Desabitada de mim, em si mesmo,

entre batalhas e atropelos, segue.

Agora o silêncio se apossou,

imprudente, desalinhando esses aís.

Foi como a maresia penetrando,

sorrateira, esses espaços e teus medos.

Cicatrizes nessa face ensimesmada,

entre pudores, dores e infortúnios.

Outra vez teu corpo destoante, trêmulo,

buscando, no repouso, teus amores.

Morre a tarde! Outra noite se anuncia.

Frio, faz frio, muita calmaria e desordem!

Onde havia luz, agora esse escuro insistente,

entre rancores, entre saudades lancinantes.

Pouco ficou daqueles dias, dias claros!

Mais incertezas e desamores se anunciam.

É tarde para alguns, cedo para tantos...

Não importa a vida que me cabe, vivo!

Repousas entre lembranças e lamentos.

Silenciosa cumplicidade entre tropeços.

O que está feito não tem volta, sigo.

Nada mais importa nessa vida de arremedos.

JTNery
Enviado por JTNery em 30/09/2022
Código do texto: T7617431
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