Noite frágil
A noite chega derramando melancolia,
entre vagas lembranças e desencantos.
Tateio, impotente, nesses assombros,
nessa falta de abraços meus abismos.
Meus demônios me provocam nessa falta.
Junto cacos, dissimulo, sigo meus percalços.
Entre desejos fragmentados me iludo, me alimento,
impregnado de incertezas, ocupo essa noite escura.
Tantas lembranças, tantos lamentos e impotência.
Restaram esses estilhaços emocionais, essa bagunça,
esse vazio, espreitando teus passos precipitante,
nessa compulsão, nesses desejos desmedidos.
Desejo que me atormenta, me provoca desamparo.
Mergulhado nesses lampejos, insisto, persisto.
Com as mãos estendidas, revelo-me, sobrevivo.
O que resta dessa noite bruta, são meus desesperos.
Frágil é meu passo ao teu encontro entre sombras.
Ficou tarde para outros frescores, outros amores.
Só nutro teu regresso, teu calor, teu cheiro insistente.
Sou compulsão nesse deserto imenso e minha escolha!