VARRENDO A VIDA
O homem varre
à porta da sua casa
e invariavelmente
se estende pelo passeio
afora, até o limite
da próxima casa.
Às vezes,
um pouco a mais
do meio-fio.
Varre, varre e varre,
incansável.
Também,
aos feriados e domingos,
varre todos os dias.
Assim, em silêncio,
vai revisitando
suas memórias.
Passos dos transeuntes
e os motores dos automóveis
se somam aos estalos
das folhas secas
sobre a sua vassoura.