Relatos de um dia cinza
eu ando meio rasa
mas, ao mesmo tempo, me afogo no que sinto
permeio caminhos incertos
procuro um sentido
enquanto faço dessa poça
meu mais intenso labirinto
como um conto,
sempre tem o começo de tudo
mas eu não saberia te dizer
com exatidão
é um borrão, uma lacuna
então, comecemos pelo meio
eu me perdi de mim
onde eu estou agora?
é como uma amnésia
por autoproteção
estive anestesiada por muito tempo
e o desespero em querer sentir,
em precisar sentir,
se tornou meu companheiro nos últimos meses
eu preciso sentir enquanto ainda posso
acordar, me encher de ar
pra sorrir ou pra sangrar
pra procurar o caminho de volta
eu preciso ser inteira