Sobrepujar
Deito-me na fluidez da maré,
Sou aconchegada na maciez marítima.
Como numa cama aquática, adormeço.
Tenho leveza, sinto o aconchego terno
Da marola, ela me faz flutuar como embrião.
Mergulho no meu eu real,
Tão docemente anestesiada estou como bebê,
Nada emudece meu silêncio profícuo.
Sou provisões amorosas a mim mesma,
Ao meu redor, a quem me ama.
As águas sagradas limpam toda aspereza,
Todo tico de insensibilidade, sou Amor.
Estou por sobre dificuldades, tormentos,
Meu ser fica ileso às agressões,
A regeneração me consome.
Ser senhora de mim cansa, preciso descansar,
Marejar, respingar candura pelas fibras,
Sou doçura feita de simplicidade,
Sobrevivo de saudades memoráveis,
Tenho autodomínio, a tudo amorizo...