Sobrepujar

Deito-me na fluidez da maré,

Sou aconchegada na maciez marítima.

Como numa cama aquática, adormeço.

Tenho leveza, sinto o aconchego terno

Da marola, ela me faz flutuar como embrião.

Mergulho no meu eu real,

Tão docemente anestesiada estou como bebê,

Nada emudece meu silêncio profícuo.

Sou provisões amorosas a mim mesma,

Ao meu redor, a quem me ama.

As águas sagradas limpam toda aspereza,

Todo tico de insensibilidade, sou Amor.

Estou por sobre dificuldades, tormentos,

Meu ser fica ileso às agressões,

A regeneração me consome.

Ser senhora de mim cansa, preciso descansar,

Marejar, respingar candura pelas fibras,

Sou doçura feita de simplicidade,

Sobrevivo de saudades memoráveis,

Tenho autodomínio, a tudo amorizo...

Orvalho do Céu
Enviado por Orvalho do Céu em 01/09/2022
Código do texto: T7596378
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