O Poder da Literatura

A função da literatura

É esmurrar a caixa craniana

Até que despertem todos os neurônios.

É esfacelar a alienação,

Permitir ao homem outro olhar sobre si,

Mastigar o mundo em palavras para que a boca

Vomite a podridão que vagueia nos pensamentos rasos.

Como dizia Brecht clamando justiça pelo povo,

A escrita é martelo para moldar a realidade...

É oferecer novo sentido aos cacos que rasgam a vida,

Pisar sem medo nas pedras suportadas em dúbios caminhos,

Encher o peito de versos para tolerar o mundo caduco como fez Drummond.

Ler um instigante livro é despertar de inquietantes sonhos a lá Kafka.

É ser como Machado em sua ferina ironia contra os moralismos da caduca sociedade.

Escrever um romance é aspirar à liberdade

Na esconjuração de crimes como Dostoievski.

É trazer a fúria contra as opressões,

É ser o fio fazedor de alternativas renovadoras contra o país que privilegia os ricos...

É ser como Lima Barreto em sua sátira contra os vícios políticos.

Produzir literatura é exorcizar os próprios demônios,

É terapia contra a vida insossa,

É falar da vida dura nos rincões do planeta como Graciliano,

Escrever sombrios poemas sobre a decomposição da matéria a exemplo de Augusto dos Anjos.

É ousar plantar flores do mal que

Desafiem convenções sociais como fez Baudelaire.

É costurar duras letras sobre o alto preço do feijão em sujos versos como Gullar.

É interrogar que país é este como fez Affonso Romano em nossos 500 anos de mazelas.

É ultrapassar fronteiras, mergulhar a cabeça em alteridades, alargar o próprio mundo.

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 27/08/2022
Reeditado em 05/06/2023
Código do texto: T7591900
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