AO ESCURO
AO ESCURO
Converso com o escuro
Sem saber quem lá está,
Se querem me dar atenção
Ou se minha fala é em vão;
Vontade de me expressar,
Meus sentimentos externar,
É bem maior que seu silêncio
E por isso, devo continuar.
Falo, grito o que tem em mim,
O que para mim vale ouvir,
Como o valer é muito relativo,
Externo o que for preciso;
Desconhecimento de platéia
Não pode inibir o dizer,
Há quem declame às pedras,
Escuro também não vai responder.
Expor o que no peito não cabe
Ajuda coração a bater,
A interação ausente
Não faça o silêncio vencer;
Como o breu já não mete medo,
Não se enterre um bom segredo,
Pecar-se-ia por omissão,
Diga-se o que brada o coração.