TUDO CABE NA POESIA

Todos os desesperos

hão de caber.

Caberão a dor aguda

do abandono,

a voz trêmula da fome,

as lágrimas

dos esquecimentos

e o aceno da esperança.

Também, cabem

o amor e a sua redenção,

suas temerárias aflições

e os gritos das revoluções.

A poesia

acolhe os canhões

e os gestos de paz.

O poema

encurva o tempo,

nele mora o agora,

o passado e futuro;

as ideias mais simples

e até o absurdo.

A poesia tem asas

e dança

em saltos quânticos.