QUERER VER
QUERER VER
Futuro que parecia longe
Hoje se aproxima mais veloz,
Distâncias foram encolhendo
Como frutas amadurecendo
E os rios alcançando a foz.
A serenidade mais presente
Abraçada pelo já vivido,
O saudosismo não mais ausente
Acena pro já acontecido
Com lenço de linho encardido.
Carregando hábitos antigos
Bem diferentes dos de agora,
Estranhando o que chamam novo,
Que ao se acostumar, melhora;
Ficando quase despercebido.
Vestir fantasia de vítima,
De valente mártir combalido
Não cabe nem vida recomenda;
Que a platéia que o assiste
Observe, perceba e entenda.
O privilégio de envelhecer,
Rouba direito de entristecer
E não permite nunca, lastimar;
Muito mais empenho para poder
Ver o bem bem plantado, florescer.