Obsoleta
Thales e Regina, até breve.
Recepcionem-me. Cumprirei o meu legado e os aguardo nos campos de trigo, assim que atravessar a minha porteira, quando a derradeira das gentes chegar.
Estou cuidando da minha centelha. Ela completou cinco aninhos, e já os conhece pela saudade em minhas palavras.
Dos meus, dois partiram
Levando muita coisa de mim
E enfim, despedaçado
Precisei continuar
Em muitos lugares, queriam que eu estivesse
Eu estava, mas eu não estava lá
Num redemoinho de confusões refleti
Sobre o meu gosto por antiguidades
Igrejas velhas, tintas velhas
Patrimônios tombados, eu tombada
Gramofone, máquina de escrever antiga
Hepburn, Gump, telefone de girar com a ponta do indicador
Coração vagalume pisca de alegria
Meu filho brincando
Eu brinco com ele
Mas eu sou do que já não é mais
Obsoleta virando arte
Daquilo tudo que virou uma saudade
Imprevisível e atemporal