Prenúncio

No alto tapicuru,

Era possível avistar;

E um aviso de agouro,

Difícil de acreditar:

Minha avó já me dizia,

"Algo ruim tá pra chegar!"

Mais uma vez confirmou,

O que estava por vir:

Um fúnebre lamentar,

Nas redondezas daqui:

Seria apenas coincidência,

Ou prospecto do existir!?

Um acauã ali pousado;

Num estridente soar:

Presságio e fustigante,

Quase sempre a assombrar.

Não errou: dois dias após...

Ainda estou sem acreditar!

É um fato muito estranho,

Que só a Natureza explica;

Uma vez escutou o canto,

Desta ave tão bonita:

Vovó temendo o pior,

"Te desconjuro ave maldita!"

E hoje o agouro triste confirma

Mais um caixão à sepultura;

Não sei se é a ave ou seu canto;

Um olhar insano ou loucura;

Mas é um prenúncio esquisito,

Que traz dor e amargura.

E mesmo sem entender:

As coisas vão acontecendo;

O acauã sempre alinhado,

À morte favorecendo,

Fico aqui introspectivo:

O que esta ave está querendo!?

Ailton Clarindo
Enviado por Ailton Clarindo em 15/08/2022
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