Prenúncio
No alto tapicuru,
Era possível avistar;
E um aviso de agouro,
Difícil de acreditar:
Minha avó já me dizia,
"Algo ruim tá pra chegar!"
Mais uma vez confirmou,
O que estava por vir:
Um fúnebre lamentar,
Nas redondezas daqui:
Seria apenas coincidência,
Ou prospecto do existir!?
Um acauã ali pousado;
Num estridente soar:
Presságio e fustigante,
Quase sempre a assombrar.
Não errou: dois dias após...
Ainda estou sem acreditar!
É um fato muito estranho,
Que só a Natureza explica;
Uma vez escutou o canto,
Desta ave tão bonita:
Vovó temendo o pior,
"Te desconjuro ave maldita!"
E hoje o agouro triste confirma
Mais um caixão à sepultura;
Não sei se é a ave ou seu canto;
Um olhar insano ou loucura;
Mas é um prenúncio esquisito,
Que traz dor e amargura.
E mesmo sem entender:
As coisas vão acontecendo;
O acauã sempre alinhado,
À morte favorecendo,
Fico aqui introspectivo:
O que esta ave está querendo!?