A FANTASIA DE DISNEY

Lá na terra do Nunca de Disney, a sonhada Disneylândia,

com o braço sobre o meu ombro, me diz Donald:

"_ Meu cachorro chega a ser um salva-vidas famoso

e meus sobrinhos, Huguinho, Zezinho, Luizinho,

serão, graças aos Escoteiros mirins, brigadeiros generais.

A que honra maior pode aspirar um homem?"

Eu, seguindo seu conselho, deixo de ser pato e me torno Duck

que se pronuncia duqui, no bom inglês dos cursos on-line.

Nos meus olhos brilhando o sonho americano de vida:

me tornar um fuzileiro, sempre fiel a Wall Street

e ao puritanismo calvinista branco cristão

pois deus é supremo e branco, sua obra a supremacia branca.

Isso tudo, lindo Disney's Fantasy, até o momento que,

depois de algumas cervejas, vejo na tevê de não sei quantas polegadas

a sensual Magie, me forçando a esquecer as assexuadas Margarida e Minie

e claro, no arroto sonoro, aumentando a distância e o tom

entre a visão de mundo, Beautiful Fantasy do Pateta

e a pré-adolescência/adolescência sem punheta patriarcal

assexuado, sem veadagem, todos machos heterossexuais dos Escoteiros Mirins

que ninguém me ouça e levante meu caso na Escola Dominical

( sei que Mickey, um detetive melhor que Sherlock Holmes,

com a parafernália da informática, dos satélites, já deve estar de olho em mim)

e me apontem como exemplo de quem por fraqueza moral, não espalhem,

se espelha, em todos os espelhos (bastante embaçados) do Simpson!

Isso mesmo Zé Ruela, a família Simpson na clandestinidade,

uma ou outra noite, mas logo de manhã, assim que acordo na matina,

sei que no trabalho, escola, religião, família,

assumo meu sonho de um dia ser o tio Patinhas!

Antonio Marchetti
Enviado por Antonio Marchetti em 15/08/2022
Código do texto: T7582570
Classificação de conteúdo: seguro