ENIGMAS
Quanto ainda sei
Dos moldes onde eu caberia?
Quanto resta dessa ignorância
Da qual padeço sorrindo?
Quanto ainda esperarei pelo que mereço
E não possuo?
Quanto ainda bradarei
O silêncio em que me excluo?
Quanta chama ardirá
Sobre meu gélido tumulto?
Quantos passos de ontem
Corromperão as rotas de amanhã?
Quanto ainda esperarei pelo não vivido
Que, mesmo não sendo aspirado,
Ultrapassara meus pulmões
E hoje parece apenas
Um tempo findo?
Quantas lágrimas omitirei
Entre risos e brindes?
Quanto ainda o nada
Será meu subterfúgio?
Quanto ainda o nada
Será meu temor?
Quanto ainda o nada
Será a minha história?
Até quando o tudo
Pode ser anônimo?
De que forma o tudo
É quase impossível?
Por que o tudo
Deve ser muito?
Tantos quantos ornamentam
Os quandos das indagações,
Mas, tudo e nada
São indefinições
Que a mente planta
Sob a claridade que a Lua não possui
Na escuridão que permite ao Sol
O protagonismo entre
Noite e dia.
O por enquanto das ações
Caminha lentamente
Entre incertas expectativas
Nos labirintos secretos
Da imaginação.
E ninguém sabe
Em que ponto exato
Dos sinuosos trajetos
A natureza guardou
Sua mais perfeita tentativa
De traduzir-se na nudez
Exposta ao silêncio
Da contemplação.