Tristeza
Recordo-me das sombras dos vales, das noites frias,
dos arvoredos do bosque, eram todos sonhos.
Foram pálidas lembranças dos meus dias de tristeza,
só lembranças, melancolias, nesse exílio repentino.
O que tenho agora é cansaço, sensações inúteis, tristeza.
Palavras dispersas, onde habito, inundando meu ser cansado.
Se ao menos soubesse onde encontrar meus prantos,
essa tristeza desaguaria em outros remansos, outros dias.
Esse desassossego que carrego, não tem paragem.
Vem assim tão manso, entre melodias tristes, nesses passos.
Assim acordo, revigorando-me nesses enlaces que me devora.
Minhas tristezas se espraiam por aí, sem permissão, sem teto.
Recordo-me dos meus dias de buscas intensas entre sonhos!
Não eram sonhos, eram lutas persistentes, tantas estórias,
uma vida por viver, muitos lugares, muitas conquistas, era tempo!
Não cabia em mim esses dias, não havia motivo para fingir.
Paralisado, nesses tempos de saudades e tristezas, busco meus passos.
Quem sabe encontre uma forma de atenuar esses desencantos,
de reinventar os meus sonhos, essa tristeza amenizar, desarmar-me?
Embriago-me nessas horas lentas, nesses tristes enlaces, amanheço!