23 💠 PARADOXO DO POETA (homenagem a poetisa Hilda Hist)
Enquanto uns vivem a poesia
Outros sem palavra vivem
Buscam o valor inanimado
Áureo, iletrado
Outros do sangue tiram a vida
O lírico e o lírio
Dirás que a vida não é poesia
Te digo que sem poesia a vida é morta
E a morte pode ser poesia viva
E o poeta escreve:
--- "Mostra teu valor pela vida, eu te mostrarei meus versos, que são vida, e pela vida importam!"
É o valor que vem de dentro
Teu valor está por fora
Os versos são garimpados
Lapidados
O teu ouro é sanguinário
Enquanto o meu verso é fundido
Tu que não o lês, enferrujas
E o desprezas como quem forja
O ser poeta ornamenta a vida
E sabe apreciar o crepúsculo da vida
--- "O tempo não pode ser desperdiçado com poesia, muito menos com o fim do dia!"
Mas meu irmão feito de terra
Que voltas ao pó, como o era
O corpo perece
A poesia não
O infinito morre com o corpo e a poesia nasce pro infinito
É difícil explicar o paradoxo na alma do poeta
Senão seu paradigma de morte e de vida
E isso é mais raro que o ouro
Tão raro que a menor e mínima pepita
Não caberiam nos teus bolsos
E é tão raro, tão amplo
Que nem cabem nesse cântico
Só a alma do poeta a comporta
E de vez em quando explodindo, seu poema sai aos prantos
30/07/2022
13:57hrs