ROUPA VELHA, VINHO NOVO

Fique por aí

Aos trapos

Feito roupa desgastada que ninguém quer mais

Se vista de si

Se vista em si

A vista que tens de ti

Esparso, comedido

Lobo devorador de almas alheias se fingindo de inocente

Mas por trás da roupa rasgada

Um espectro pavoroso preenche o pano

Fique por aí

Feito lama

Suja, podre, fétida

Quase uma blasfêmia mineral

Mas sujeira sem igual a nenhuma outra

Odiada das lavadeiras

Impregna o tecido da alma

Nem a potassa dá jeito

Não sai de jeito nenhum

No lugar do sangue, a lama

O esterco e o lodo podre

Ser de barro, fina película lamacenta que incomoda

Ninguém quer

Ninguém lavará a alma suja de barro

Fique por aí feito boato

Quase que foi mas não é

Ninguém sabe

Mas passava de boca em boca

Não vi, mas contei

Não sei, mas tenho certeza que foi assim

Na boca do povo teu dente é de ouro

Enferrujado e tóxico

Por fim enredado na própria mentira e engano

Na vestimenta rota

Não cabe remendo com retalho novo

A argila virgem não se mescla com barro podre

O boato, lança-o ao vento

Vinho novo não se guarda em odres velhos

Reinvente-se

Remolde-se

Renove-se

27/07/2022

03:47hrs

Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 28/07/2022
Código do texto: T7569879
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